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Nova lei contábil faz auditoria disparar

A nova lei contábil está ampliando a demanda por auditorias e deve gerar um crescimento de até 45% dessas empresas em 2008. Aprovada em dezembro do ano passado pelo Congresso Nacional, a Lei nº 11.638 estabelece que as empresas brasileiras de capital aberto, bancos e seguradoras terão de apresentar seu balanço referentes a 2008 já com algumas informações dentro das normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês). Outra novidade da lei é que as empresas fechadas de grande porte terão de submeter suas demonstrações financeiras à análise de uma auditoria. Segundo especialistas ouvidos pelo DCI, esta demanda foi adiantada, uma vez que, inicialmente, o processo de transição estava previsto apenas para o início de 2009, embora o prazo-limite para a migração completa esteja marcado para 2010. A demanda começou no ano passado para todas as empresas do mercado, quando o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) começaram a implementar a mudança, que será obrigatória a partir de 2010. "Todas as empresas vão precisar de auditoria", resume Ramon Jubels, sócio da KPMG, que teve de ampliar o seu quadro de colaboradores de 2,1 mil para 2,5 do ano passado para cá por causa do aquecimento da sua atividade. A empresa tem 15 escritórios no Brasil e é a terceira maior das quatro grandes multinacionais de auditoria no País - as outras três são PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu e Ernst & Young. Em 2007, sua receita global foi de US$ 20 bilhões. A empresa também atribui sua expansão ao crescimento do mercado brasileiro e espera, este ano, incremento acima de 30% registrados em seu último balanço, divulgado no ano fiscal encerrado em setembro de 2007. "O mercado estava esperando mais posicionamento sobre o impacto contábil das mudanças e considerava que teria mais tempo para fazer a implementação. Como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários permitem a adaptação antecipada, há empresas que já estão publicando seu balanço em IFRS", conta o sócio. Outra dificuldade, segundo Ramon Jubels, é que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão criado para unificar e padronizar as normas dentro do padrão internacional, ainda está emitindo novas normas. No total, seis normas emitidas pelo CPC estão dentro do plano de adequação. Os pronunciamentos mais importantes serão feitos até o final do ano, o que deve esclarecer às empresas os efeitos que devem gerar e com certeza estarão em consonância com os padrões internacionais. "As empresas que estão passando pelas mudanças não sabem quais serão as normas nem qual será o efeito fiscal. A lei dizia que não haveria efeito fiscal, mas há dúvida, e a Receita Federal ainda não se pronunciou sobre isso", diz. Por isso, a demanda era para esclarecer dúvidas sobre as mudanças acabou se transformando em oportunidade para a área de consultoria. "Olhamos os efeitos na parte contábil, nos sistemas e processos da empresa e nas equipes que terão de ser treinadas para usar as novas normas. Além disso, a mudança no patrimônio e nos indicadores das empresas também impactam em sua gestão, principalmente nas empresas que trabalham por resultados", explica Ramon. Trevisan Outra que apresentou forte expansão foi a BDO Trevisan, que no primeiro semestre somou 11 empresas de grande porte à sua carteira de clientes. Segundo Eduardo Pocetti, diretor da empresa, a expectativa é fechar o segundo semestre com mais 20 empresas, completando até o final de 2008 o número de 31 novos clientes. Este ano, a empresa tem como meta crescer 30%, superando os 17% do ano passado. A expectativa de faturamento é de R$ 95 milhões, contra os R$ 73 milhões de 2007. Atualmente, a BDO possui 15 escritórios no País, depois de ter inaugurado uma filial em Londrina, no Paraná. Com sede em São Paulo e filiais em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife, a Directa Auditores está sentindo uma grande demanda no interior paulista. A empresa espera fechar o ano com crescimento de entre 40% e 45% nas áreas de auditoria e consultoria contábil. "Houve uma grande evolução fora de São Paulo, onde há grandes empresas que, pela lei nova, atingiram um faturamento alto e passaram a ter demanda por auditoria pela primeira vez", afirma Ernesto Rubens Gelbcke, presidente da empresa. Daqui a duas semanas, o empresário irá representar o CPC brasileiro em um encontro que reunirá o Conselho Internacional de Normas Contábeis (Iasb) e os comitês de regulação contábil do mundo inteiro. O encontro irá debater os planos de implementação das normas em diversos países e as principais dificuldades de cada região no processo. Ele aponta a que as empresas européias, por exemplo, implantaram em 2005 as regras internacionais apenas nos balanços consolidados, enquanto nos Estados Unidos a comissão de valores mobiliários (SEC) estuda exigir que as empresas do país passem a adotar regras de contabilidade internacional a partir de 2014. "É um processo de maturação grande em um período curto. Não é assunto dos contadores, afeta os balanços das empresas e mexe com diversas áreas da empresa."