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Cartões: fim da exclusividade traz impactos, mas cenário segue favorável

Além dos efeitos para os consumidores, a medida também deve impactar as empresas e, consequentemente, seus papéis no mercado.

O setor de cartões de crédito brasileiro está prestes a passar por uma profunda mudança. A partir da próxima quinta-feira, dia 1º de julho, acaba o sistema de exclusividade das bandeiras de cartão de crédito com as credenciadoras. Além dos efeitos para os consumidores, a medida também deve impactar as empresas e, consequentemente, seus papéis no mercado.

 

De forma geral, o fim da exclusividade trará um acirramento na concorrência entre as companhias, resultando em certa compressão das receitas e perda de market share. No entanto, a visão de Daniel Abut, analista do Citigroup, a respeito do assunto é clara: “acreditamos que a maior competitividade será menos destrutiva do que acredita o mercado”.

Impactos negativos
Segundo Daniel Abut, o ambiente mais acirrado deve trazer queda nas taxas de administração e menores receitas por conta do aluguel de equipamentos, duas referências negativas aos próximos resultados contábeis a serem registrados pela Redecard (RDCD3) e Cielo (CIEL3).

Quanto às perdas de participação no mercado, o analista do Citi acredita que a fatia da Redecard pode ser reduzida em 5% nos próximos três anos, ao passo que a Cielo deve registrar um recuo gradual de 10% em seu market share também no período de 2010 a 2012.

Otimismo pouco abalado
No entanto, analistas são praticamente consensuais na hora de relativizar o impacto negativo do fim da exclusividade sobre os resultados de Redecard e Cielo. Ainda que certo peso seja inegável, as equipes do Citi e Ativa seguem bastante otimistas tanto ao setor brasileiro de cartões de crédito quanto às suas duas principais companhias.

“O setor possui um elevado potencial de crescimento com a continuidade da substituição do cheque e moeda por cartão, redução da economia informal, penetração dos serviços bancários e aumento do consumo. E esse crescimento deve ajudar a compensar o impacto do ambiente mais competitivo”, explica Mariana Taddeo, analista da Ativa Corretora.

Outro aspecto destacado pela analista são as vantagens competitivas da Redecard e Cielo, como escala, presença nacional e melhor qualidade na oferta dos serviços, que devem oferecer certa blindagem à performance contábil das empresas frente ao novo cenário, ao menos no curto e médio prazo.

Recomendação aos papéis
Feitas tais ressalvas, e considerando as perspectivas favoráveis que seguem permeando o setor, a recomendação tanto de Abut quanto de Taddeo é positiva. O analista revela um call de “compra” do Citi aos papéis de Redecard e Cielo, com potenciais de valorização até o final do ano superiores a 30%.

Por sua vez, Mariana Taddeo expõe um rating outperform – desempenho acima da média do mercado – às ações da Cielo, que por disporem de maior upside, são eleitas pela analista como top pick no setor. Já os ativos da Redecard desfrutam de um rating um pouco mais modesto, de market perform – desempenho em linha com a média do mercado.